sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Crianças aprendem a ler e escrever na areia da praia

A professora Kátia Correia, do Maranhão, usou placas, receitas e cardápios dos restaurantes para alfabetizar sua turma de 1ª série. E as crianças da comunidade praiana de Araçagi entenderam o sentido da leitura e da escrita

mailto:novaescola@atleitor.com.br


Ao ar livre: areia vira papel e graveto serve de lápisDaniel Aratangy
"Bar do Neto", avisa a placa. Lá dentro, os pequenos "clientes" trazidos pela professora nota 10 Kátia Regina Reis Correia, se sentam e olham atentos o cardápio. Pescada, anchova, tainha, siri, camarão, caranguejo... A lista inclui o nome de peixes e crustáceos conhecidos das crianças — filhas de empregadas domésticas, pescadores e barraqueiros que também trabalham na praia. Assim começam a leitura. A praia de Araçagi, em Paço do Lumiar, a 18 quilômetros da capital maranhense, é um dos cenários escolhidos por Kátia para alfabetizar seus alunos. A professora sai da Unidade Integrada Y Juca Pirama, onde leciona, e vai para a orla ensinar mais que sons e grafia de letras e fonemas. A areia faz as vezes de caderno e um graveto vira lápis. Ali, atenta a diferentes textos, a turma aprende como a leitura e a escrita fazem parte do cotidiano.
Quando passou a aproveitar os escritos disponíveis na comunidade, Kátia percebeu que os resultados de seu trabalho melhoraram. "Antes eu não tinha experiência em alfabetização. Me apoiava no uso da cartilha e o número de repetentes só crescia", lembra.
A mudança de estratégia veio depois de muito estudo e de conversas com a irmã, também professora. Além dos letreiros e cardápios, as toadas de bumba-meu-boi, muito conhecidas pelo povo maranhense, também começaram a embalar as aulas de Kátia. E a escrita, que até então não tinha nenhum significado para a garotada, começou a fazer todo o sentido.

Plano de aula - Placas, receitas, cantigas... Tudo vira material didático
Objetivos
A meta era alfabetizar de maneira eficaz a turma de 1ª série e assim diminuir os índices de fracasso escolar. Para isso, Kátia utilizou os escritos que estavam à disposição no entorno da escola. Todos os textos, de alguma forma, faziam parte da vida da garotada. Com isso, a professora promoveu a apropriação da língua escrita de forma significativa. Enquanto alfabetizava a classe, Kátia mostrava a importância de ler e escrever na sociedade da qual todos lá fazem parte. A variedade de situações verdadeiras que a professora maranhense propôs envolvendo a escrita proporcionou a valorização da comunidade.
O fio condutor do trabalho desenvolvido por Kátia foi o modo de vida da comunidade de Araçagi. Uma de suas primeiras providências foi selecionar diferentes textos, todos relacionados ao cotidiano da garotada. "Essa é uma estratégia que favorece a aprendizagem", ela avisa. Assim, os nomes de bares da praia, barcos, pratos dos cardápios, placas de carros e outdoors passaram a fazer parte das atividades propostas à turma. O material de trabalho incluía também parlendas, toadas de bumba-meu-boi, quadrinhas, adivinhações, trava-línguas, frases de pára-choques de caminhão e receitas de pratos típicos do litoral maranhense.
Quando a professora começou a colocar a garotada em contato com esses escritos não disse o que eram ou o que significavam. Para Kátia, é importante que os estudantes, mesmo sem saber ler, tentem desvendar os textos. "Cada um formulava a sua hipótese e, com as minhas intervenções, fazíamos uma 'leitura'", recorda. Atividades desse tipo eram desenvolvidas tanto em classe como na praia.
As crianças estudavam a estrutura de diferentes tipos de texto. Além de compreender as mensagens, elas também observaram a disposição das frases no papel. No início, as atividades escritas eram coletivas. Nesses momentos, a professora fazia as vezes de escriba, organizando e redigindo as idéias que a meninada ia dando livremente. A principal função dessa prática era levar a classe a perceber como acontece a organização de um texto. Ao mesmo tempo, os estudantes começavam a identificar letras, sílabas e palavras.

As produções escritas indicam as dificuldades de cada aluno

Nas produções de texto individuais, cada um colocava no papel seus pensamentos e sentimentos sobre temas sugeridos por Kátia ou pelos próprios estudantes. Ao analisar as escritas espontâneas, a professora podia avaliar em qual nível de desenvolvimento estava cada um deles. Em novas propostas de trabalho, ela verificava onde estavam avançando e em que ainda precisavam melhorar.
Exercícios desse tipo eram rotina e logo foi possível pedir que os alunos lessem e escrevessem sozinhos, mesmo que isso não acontecesse de forma convencional. À medida que trabalhava os textos sobre temas locais e levava a turma às aulas-passeio, Kátia promovia paralelamente a valorização do espaço em que todos viviam.

Acompanhamento constante garante o sucesso da turma

Kátia preparou uma pasta para cada aluno e lá foi arquivando todas as redações produzidas durante o ano. Assim, ela acompanhou o desenvolvimento individual e atuou de forma diferenciada para solucionar dificuldades específicas. As dúvidas eram trabalhadas ainda durante atividades em grupo.
Os estudantes foram, aos poucos, elaborando suas hipóteses de escrita, melhoraram a capacidade de expressão oral e conheceram a diversidade de textos que estava ao seu redor. A professora escolheu bem os materiais escritos que utilizou, pois eles tinham um nível de complexidade adequado à idade das crianças. Além disso, ao colocar a garotada em contato com informações de diversas áreas do conhecimento, Kátia soube explorar temas variados sem perder o foco na alfabetização. E assim acabou o fracasso generalizado na 1ª série. No início de 2003, a turma de Kátia tinha 41 alunos não-alfabetizados. No final do ano, 39 sabiam ler e escrever.

Quer saber mais?

Kátia Regina Reis Correia, R. 25, qd. 44, casa 4, 65054-770, São Luís, MA, tel. (98) 238-1237
BIBLIOGRAFIA
A Leitura, a Escrita, a Escola: Uma Experiência Construtivista, Ana Maria Kaufman, Ed. Artmed, (edição esgotada)
Reflexões Sobre o Ensino da Leitura e da Escrita, Beatriz Cardoso e Ana Teberosky (orgs.), 272 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 30,70 reais

Pestalozzi - O teórico que incorporou o afeto à sala de aula

Para o educador suíço, os sentimentos tinham o poder de despertar o processo de aprendizagem autônoma na criança


Márcio Ferrari mailto:novaescola@atleitor.com.br)


Para a mentalidade contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que venha à cabeça quando se fala em ciência, método ou teoria. Mas o afeto teve papel central na obra de pensadores que lançaram os fundamentos da pedagogia moderna. Nenhum deles deu mais importância ao amor, em particular ao amor materno, do que o suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827).

Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada do século 19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. "Segundo ele, o amor deflagra o processo de auto-educação", diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de Pestalozzi no Brasil.
A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral – isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade. "Pestalozzi chega ao ponto de afirmar que a religiosidade humana nasce da relação afetiva da criança com a mãe, por meio da sensação de providência", diz Dora Incontri.

Biografia

Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em 1746 em Zurique, na Suíça. Na juventude, ele abandonou os estudos religiosos para se dedicar à agricultura. Quando a empreitada se tornou o primeiro de muitos fracassos materiais de sua vida, Pestalozzi levou algumas crianças pobres para casa, onde encontraram escola e trabalho como tecelãs, aprendendo a se sustentar. Alguns anos depois, a escola se inviabilizou e Pestalozzi passou a explorar suas idéias em livros, entre eles Os Crepúsculos de um Eremita e o romance Leonardo e Gertrudes. Uma nova chance de exercitar seu método só surgiu quando ele já tinha mais de 50 anos, ao ser chamado para dar aulas aos órfãos da batalha de Stans. Mais duas experiências se seguiram, em escolas de Burgdorf e Yverdon. Nesta última, que existiu de 1805 a 1825, Pestalozzi desenvolveu seu projeto mais abrangente, dando aulas para estudantes de várias origens e comandando uma equipe de professores. Divergências entre eles levaram a escola a fechar. Yverdon projetou o nome de Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos grandes educadores da época.

Inspiração na natureza

A vida e obra de Pestalozzi estão intimamente ligadas à religião. Cristão devoto e seguidor do protestantismo, ele se preparou para o sacerdócio, mas abandonou a idéia em favor da necessidade de viver junto da natureza e de experimentar suas idéias a respeito da educação. Seu pensamento permaneceu impregnado da crença na manifestação da divindade no ser humano e na caridade, que ele praticou principalmente em favor dos pobres.

Sem notas, castigos ou prêmios


Ao contrário de Rousseau, cuja teoria é idealizada, Pestalozzi, segundo a educadora Dora Incontri, "experimentava sua teoria e tirava a teoria da prática", nas várias escolas que criou. Pestalozzi aplicou em classe seu princípio da educação integral – isto é, não limitada à absorção de informações. Segundo ele, o processo educativo deveria englobar três dimensões humanas, identificadas com a cabeça, a mão e o coração. O objetivo final do aprendizado deveria ser uma formação também tripla: intelectual, física e moral. E o método de estudo deveria reduzir-se a seus três elementos mais simples: som, forma e número. Só depois da percepção viria a linguagem. Com os instrumentos adquiridos desse modo, o estudante teria condições de encontrar em si mesmo liberdade e autonomia moral. Como alcançar esse objetivo dependia de uma trajetória íntima, Pestalozzi não acreditava em julgamento externo. Por isso, em suas escolas não havia notas ou provas, castigos ou recompensas, numa époc a em que chic otear os alunos er a comum. "A disciplina exterior, na escola de Pestalozzi, era substituída pelo cultivo da disciplina interior, essencial à moral protestante", diz Alessandra Arce.

A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora – idéia oposta à concepção de que a função do ensino é preenchê-la de informação. Para o pensador suíço, um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa. Dar atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades, era, para Pestalozzi, parte de uma missão maior do educador, a de saber ler e imitar a natureza – em que o método pedagógico deveria se inspirar.



Bondade potencial

Tanto a defesa de uma volta à natureza quanto a construção de novos conceitos de criança, família e instrução a que Pestalozzi se dedicou devem muito a sua leitura do filósofo franco-suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), nome central do pensamento iluminista. Ambos consideravam o ser humano de seu tempo excessivamente cerceado por convenções sociais e influências do meio, distanciado de sua índole original – que seria essencialmente boa para Rousseau e potencialmente fértil, mas egoísta e submissa aos sentidos, para Pestalozzi.

Um liberal na Era das Revoluções

Embora durante a maior parte de sua vida Pestalozzi tenha escolhido viver em relativo isolamento, com a mulher e um filho que morreu aos 31 anos, ele nunca se alienou dos acontecimentos de sua época – chamada pelo historiador britânico Eric Hobsbawn de "Era das Revoluções". Na juventude, Pestalozzi militou num grupo que defendia a moralização da política suíça. Mais tarde, por simpatizar com o pensamento liberal e republicano, se alinhou aos defensores da Revolução Francesa. Em 1798, os franceses, em apoio aos republicanos suíços, passaram a sufocar os focos de resistência à nova ordem no país vizinho, e levaram à frente um massacre na cidade de Stans. Pestalozzi, embora chocado com os acontecimentos, atendeu à convocação do governo e montou uma escola para os órfãos da batalha, que acabou sendo uma de suas experiências pedagógicas mais produtivas. Pestalozzi não foi um iluminista típico, até por ser religioso demais para isso. Por outro lado, a importância que dava à vivência e à experimentação aproximam seu trabalho de um pioneiro enfoque científico para a educação, num reflexo da defesa da razão que caracterizou o "século das luzes". "A arte da educação deve ser cultivada em todos os aspectos, para se tornar uma ciência construída a partir do conhecimento profundo da natureza humana", escreveu Pestalozzi.

"A criança, na concepção de Pestalozzi, era um ser puro, bom em sua essência e possuidor de uma natureza divina que deveria ser cultivada e descoberta para atingir a plenitude", diz Alessandra Arce, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. O pensador suíço costumava comparar o ofício do professor ao do jardineiro, que devia providenciar as melhores condições externas para que as plantas seguissem seu desenvolvimento natural. Ele gostava de lembrar que a semente traz em si o "projeto" da árvore toda.
Desse modo, o aprendizado seria, em grande parte, conduzido pelo próprio aluno, com base na experimentação prática e na vivência intelectual, sensorial e emocional do conhecimento. É a idéia do "aprender fazendo", amplamente incorporada pela maioria das escolas pedagógicas posteriores a Pestalozzi. O método deveria partir do conhecido para o novo e do concreto para o abstrato, com ênfase na ação e na percepção dos objetos, mais do que nas palavras. O que importava não era tanto o conteúdo, mas o desenvolvimento das habilidades e dos valores.

Para pensar
A pesquisadora Dora Incontri vê na obra dos filósofos da educação anteriores ao século 19 uma concepção do ser humano "mais integral" do que a que passou a prevalecer então. Segundo Dora, naquela época a ciência, incluindo a pedagogia, se tornou materialista. "Pensadores como Pestalozzi levavam em conta aspectos hoje negligenciados, como o espiritual. " Ela lamenta a ausência dessa dimensão. No seu dia-a-dia na escola ou em seus estudos sobre educação, você já sentiu a sensação de que falta algo à teoria pedagógica? Chegou a pensar que carência é essa? De que forma ela se reflete na prática?

Quer saber mais?

A Pedagogia na Era das Revoluções, Alessandra Arce, Ed. Autores Associados, 238 págs., tel. (19) 3289-5930, 37 reais História da Educação: da Antiguidade aos Nossos Dias, Mario Alighiero Manacorda, Ed. Cortez, 382 págs., tel. (11) 3611-9616, 42 reais Pestalozzi: Educação e Ética, Dora Incontri, Ed. Scipione, 184 págs., tel. 0800-161-700, 41,90 reais

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Assim Nao dá!

Assim não dá! Usar a TV na Educação Infantil sem propósito






Exibir os programas comerciais, que poderiam ser vistos pelos pequenos em casa e sozinhos, não é papel das instituições de Educação Infantil. Sua função é, antes de mais nada, propor atividades que acrescentem informações variadas às crianças. Por isso, a TV deve servir para passar filmes e seriados que não estejam ao alcance da maioria e ser uma ferramenta de aprendizagem.



Para aproveitar o instrumento como parceiro na creche ou na préescola, o educador precisa garantir que aquela programação faça parte da proposta pedagógica. Para orientar se a escolha vale ser feita, alguns pontos podem ser levados em conta: o filme exibido às crianças é de qualidade? Qual mediação será feita para que os pontos de interesse sejam bem explorados? O tempo de exibição para atingir os resultados esperados está apropriado ou exagerado? Qual o efeito educativo daquela atividade? E seu objetivo?



Tendo essas preocupações em mente, e articulando esse material a outras linguagens, como contação de histórias, artes visuais, teatro e música, a TV entra como um dos possíveis elementos de apoio - e não o único a ser usado.



Passar o mesmo filme dezenas de vezes para agradar as crianças, que gostam de repetições, pode ser uma armadilha. Se o professor não colabora para o aumento de repertório de conhecimentos da turma, acrescentar a TV na rotina passa a ser uma perda de tempo.





Consultoria Ana Paula Soares da Silva, pesquisadora do Centro de Investigações sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil (Cindedi) da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, SP.


Mais sobre o uso da TV na escolaReportagens:


Arte para enxergar o mundo

Liguem a TV: vamos estudar!



Plano de aula:



Qualidade da TV. Tema para manter a classe sintonizada





Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/assim-nao-usar-tv-educacao-infantil-proposito-487229.shtml

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Educação Infantil

Na creche, o que fazer na hora do choro?

Para crianças até 3 anos, esse desabafo é uma forma de comunicação importante. Saiba aqui qual é a melhor maneira de lidar com as lágrimas

Luiza Andrade mailto:novaescola@atleitor.com.br
WriteAutor('Luiza Andrade');

VÁRIOS TIPOS O choro transmite o que os pequenos não sabem dizer. É preciso aprender a identificar a mensagem.

Adaptar-se ao ambiente e à equipe da creche, despedir-se da família, avisar que a fralda está suja ou que a barriga dói, perder um brinquedo para um colega... Pode não parecer, mas a vida de uma criança até 3 anos tem uma porção de desafios e uma boa dose de estresse! Sem contar com a fala bem desenvolvida, os pequenos não têm muitas opções além das lágrimas, que podem acompanhar chorinhos sofridos ou mesmo choradeiras de assustar a vizinhança.

Para o educador, enfrentar momentos como esses está longe de ser fácil. É natural que surjam sinais de frustração, irritação e, principalmente, falta de paciência. Mas tudo fica mais simples quando se conhece o desenvolvimento infantil e há acolhimento e uma permanente construção de vínculos afetivos com os bebês e as crianças - um trabalho fundamental, que começa ao iniciarem a adaptação e segue ao longo do ano. Nos primeiros dias da criança na creche, a equipe ainda não distingue os tipos de choro dela. "Há o que expressa dor, o de ‘acordei, vem me buscar’ e o de saudade, entre tantos outros. Quem investe em um cuidado atento passa a identificar essas diferenças e, assim, descobre qual é a melhor atitude a tomar", diz Edimara de Lima, psicopedagoga da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Para decifrar as lágrimas, é preciso ter em mente que o objetivo dos bebês é comunicar que algo vai mal. "Eles relacionam o choro a uma reação boa. Afinal, alguém vem atendê-los. Esse é o jeito que eles têm de dizer ‘estou tentando lidar com um problema, mas não está fácil’. Por isso, deve-se evitar ideias preconcebidas e tentar entender o que o choro expressa", orienta Beatriz Ferraz, coordenadora do Núcleo de Educação Infantil do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac). Essa pesquisa parte de tentativas e erros e, com o tempo, chega a várias respostas. Quando há dor física, deve-se agir no ato e buscar as devidas orientações médicas. A dor emocional também merece ação rápida e aconchego. "Costumam dizer que, se pegar no colo, a criança fica manhosa. Mas colo e carinho não estragam ninguém e são sempre bem-vindos", garante Regina Célia Marques Teles, diretora da Creche Carochinha, em Ribeirão Preto, a 319 quilômetros de São Paulo.
Partindo dessa premissa, Vera Cristina Figueiredo, coordenadora de projetos da associação Grão da Vida, em São Paulo, desenvolveu com sua equipe uma proposta preventiva baseada no acolhimento constante. "Logo notamos a importância do brincar junto e do estar próximo, atento às realizações e descobertas dos pequenos. Dar atenção nesses momentos, e não apenas na hora de impor limites, gera tranquilidade e faz o pranto diminuir", conta. Essa experiência jogou por terra a teoria de que acolher deixa os pequenos grudentos e dependentes. "O carinho gera ganhos consideráveis em termos de autonomia", garante Vera. Não é raro que um simples conflito tome proporções de catástrofe mundial, com direito a gritos, sacudidas pelo chão e soluços sem fim. "Às vezes, a criança perde o controle e não consegue voltar ao normal sozinha. Não dá para cruzar os braços e esperar isso passar nem tentar resolver na conversa", relata Regina Célia. Também não vale cair na armadilha de fazer chantagens para o choro cessar. O melhor é mostrar que entende o problema e pedir que ela respire fundo, lave o rosto e sente no seu colo, passando a mensagem de que você confia que ela vai se acalmar. Não perca a chance: respire fundo e tome fôlego também.
Mais sobre cuidados com crianças:


Comunidade Educação Infantil Eu e você, você e eu Assim se forma a identidade Adaptação bem feita

Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/creche-fazer-hora-choro-475208.shtml

Educar Pelo Exemplo